João Clímaco D'Almeida (http://krudu.blogspot.com.br/2015/02/constantino-pereira-de-sousa.html).
No presente momento tenho 54 anos de idade. Eu ainda era criança no governo piauiense do velho Joqueira. Morava em Alto Longá e, eu e meu pai, pegamos o "misto" e fomos até Teresina fazer um exame médico. Eram umas 11:00 horas e então meu pai entrou numa casa velha que ficava quase em frente ao antigo cartório Dora Martins. A porta de entrada dava acesso a uma sala de jantar. Fomos convidados para almoçar e à mesa ficamos eu, meu pai e um velho (Hoje dizem idoso, etc. Mas não muda a situação), este último ficando em conversa com o meu pai. Quando terminamos o almoço nos foi servido água, suco, doce, etc. Meu pai e o velho ficaram vendo uns documentos. Depois fomos para a praça Saraiva (aqui minha memoria falha um pouco!). Mas me lembro que na caminhada perguntei ao papai quem era o velho e ele me disse que era o governador, o Joqueira. Então duvidei de meu pai, argumentando que o governador morava no palácio de Karnak, conforme diziam as professoras e os livros. Aí meu pai me disse que o palácio de Karnak era o local de trabalho, mas que a casa dele era onde havíamos almoçado. Continuei na dúvida, dizendo ao meu pai que a comida que nós havíamos comido no almoço lá, era pior do que a comida, que a minha mãe fazia. Então meu pai disse: "Você não gostou da comida? Foi uma comida normal, o bife estava muito bom". Aí, eu disse que havia gostado do bife, que estava bom, mas que a comida só era carne e arroz, não tinha variedades. Meu pai retrucou:
Em 2015 estive em Cabeceiras de Basto, Minho, e na festa da Orelheira e do Fumeiro, tive a oportunidade de confirmar o que meu pai havia falado sobre as habilidades culinárias de minha mãe herdadas dos Abreu Bacelares, fundadores do Reino de Portugal. Hoje, quase não se pode mais falar com os governadores do Piauí, de tão importantes que eles estão. O atual, foi também um grande governador enquanto se comportou cauteloso como o Joqueira e esta é a causa dele ter sido eleito três vezes. O Joqueira, nunca foi eleito governador e neste tempo não havia a reeleição e ele já era velho. Mas dificilmente haverá um governador tão bom quanto ele pois, além de confiar no rábula Luiz Barbosa de Miranda, meu pai, o qual nunca quis e nunca pediu cargos (poderia tê-los tido até sem pedir, pois foi voluntário na segunda Guerra Mundial), nos dois anos de seu governo, foram construídas muitas obras estruturantes do Piauí, entre as quais a UFPI e a Barragem de Boa Esperança. Eu ficaria muito feliz se um estudante de história localizasse meu prontuário médico e a partir da data, localizasse no Palácio de Karnak os documentos que meu pai analisou para o governador naquele dia. Esta é uma homenagem sincera que presto a um dos maiores homens públicos da história do Piauí, e que deve estar no céu, pelo conjunto da obra maravilhosa que ele fez.
OBSERVAÇÃO. Peço desculpas à família pela expressão semianalfabeto, citada por meu pai com muito carinho e máximo respeito, inclusive porque eram amigos de verdade, visto que Joqueira confiava nele, que não tinha nem o ginásio naquele momento. Creio que meu pai queria dizer que eu devia estudar, fazer algum curso, mesmo que eu não me formasse. Notem, no Piauí não havia universidades ainda e pessoas de origem humilde como Joqueira e meu pai não tinham como se formar. Meu pai terminou o ginásio depois dos cinquenta, bem como o antigo científico, chegando até a fazer vestibular, quando passou a morar em Campo Maior. Mas a concorrência era pesada demais. Lembro que também questionei o meu pai sobre o jeito errado do Joqueira escrever o próprio nome (levei a sério o "semianalfabeto"!). Mas aí meu pai disse que o nome dele estava certo e que o apóstrofo era o estilo antigo, pois o Joqueira era velho.
No presente momento tenho 54 anos de idade. Eu ainda era criança no governo piauiense do velho Joqueira. Morava em Alto Longá e, eu e meu pai, pegamos o "misto" e fomos até Teresina fazer um exame médico. Eram umas 11:00 horas e então meu pai entrou numa casa velha que ficava quase em frente ao antigo cartório Dora Martins. A porta de entrada dava acesso a uma sala de jantar. Fomos convidados para almoçar e à mesa ficamos eu, meu pai e um velho (Hoje dizem idoso, etc. Mas não muda a situação), este último ficando em conversa com o meu pai. Quando terminamos o almoço nos foi servido água, suco, doce, etc. Meu pai e o velho ficaram vendo uns documentos. Depois fomos para a praça Saraiva (aqui minha memoria falha um pouco!). Mas me lembro que na caminhada perguntei ao papai quem era o velho e ele me disse que era o governador, o Joqueira. Então duvidei de meu pai, argumentando que o governador morava no palácio de Karnak, conforme diziam as professoras e os livros. Aí meu pai me disse que o palácio de Karnak era o local de trabalho, mas que a casa dele era onde havíamos almoçado. Continuei na dúvida, dizendo ao meu pai que a comida que nós havíamos comido no almoço lá, era pior do que a comida, que a minha mãe fazia. Então meu pai disse: "Você não gostou da comida? Foi uma comida normal, o bife estava muito bom". Aí, eu disse que havia gostado do bife, que estava bom, mas que a comida só era carne e arroz, não tinha variedades. Meu pai retrucou:
"Meu filho, eles são vaqueiros! São governadores, mas são vaqueiros. Nós do Piauí somos vaqueiros. Sua mãe é filha de fazendeiro, o qual é vaqueiro. Ela sabe fazer comida diferente porque ela aprendeu na Escola Normal, aprendeu etiqueta. Eles ensinavam isto lá. E com os pais dela, aprendeu a fazer as melhores comidas dos vaqueiros. Ele foi o melhor governador até agora, porque ele é semianalfabeto (só fez curso de contabilista) e cauteloso, e tudo o que ele assina, tem que ser visto, antes, pelos advogados. Se os advogados não assinam o documento, ele não assina de jeito nenhum. Então é difícil ele errar"."Mas papai, eu não vi cavalo algum na casa do Joqueira", disse eu. Ele respondeu: "estão no interior".
Em 2015 estive em Cabeceiras de Basto, Minho, e na festa da Orelheira e do Fumeiro, tive a oportunidade de confirmar o que meu pai havia falado sobre as habilidades culinárias de minha mãe herdadas dos Abreu Bacelares, fundadores do Reino de Portugal. Hoje, quase não se pode mais falar com os governadores do Piauí, de tão importantes que eles estão. O atual, foi também um grande governador enquanto se comportou cauteloso como o Joqueira e esta é a causa dele ter sido eleito três vezes. O Joqueira, nunca foi eleito governador e neste tempo não havia a reeleição e ele já era velho. Mas dificilmente haverá um governador tão bom quanto ele pois, além de confiar no rábula Luiz Barbosa de Miranda, meu pai, o qual nunca quis e nunca pediu cargos (poderia tê-los tido até sem pedir, pois foi voluntário na segunda Guerra Mundial), nos dois anos de seu governo, foram construídas muitas obras estruturantes do Piauí, entre as quais a UFPI e a Barragem de Boa Esperança. Eu ficaria muito feliz se um estudante de história localizasse meu prontuário médico e a partir da data, localizasse no Palácio de Karnak os documentos que meu pai analisou para o governador naquele dia. Esta é uma homenagem sincera que presto a um dos maiores homens públicos da história do Piauí, e que deve estar no céu, pelo conjunto da obra maravilhosa que ele fez.
OBSERVAÇÃO. Peço desculpas à família pela expressão semianalfabeto, citada por meu pai com muito carinho e máximo respeito, inclusive porque eram amigos de verdade, visto que Joqueira confiava nele, que não tinha nem o ginásio naquele momento. Creio que meu pai queria dizer que eu devia estudar, fazer algum curso, mesmo que eu não me formasse. Notem, no Piauí não havia universidades ainda e pessoas de origem humilde como Joqueira e meu pai não tinham como se formar. Meu pai terminou o ginásio depois dos cinquenta, bem como o antigo científico, chegando até a fazer vestibular, quando passou a morar em Campo Maior. Mas a concorrência era pesada demais. Lembro que também questionei o meu pai sobre o jeito errado do Joqueira escrever o próprio nome (levei a sério o "semianalfabeto"!). Mas aí meu pai disse que o nome dele estava certo e que o apóstrofo era o estilo antigo, pois o Joqueira era velho.