domingo, 22 de setembro de 2013

Jornalismo e o Passado

 
Hélio Fernandes contra os erros

Qual é o objetivo do jornalismo? Informar, comunicar sobre fatos de certa importância social que possam ajudar as pessoas a viverem melhor, se prepararem para enfrentar os problemas futuros. É assim que eu e muitas outras pessoas simples como eu pensam. Há os que se julgam mais espertos, e pensam que o objetivo é servir para fornecer-lhe dinheiro ou poder político. Não sei se sempre existirão estes doentes, mas o fato é que eles estão aí.
Os fatos de importância social acima mencionados podem ser próximos do tempo presente de elaboração da matéria jornalística, ou não. Mas no jornalismo moderno prevalecem as matérias relativas a fatos bem próximos do tempo de elaboração da matéria. Existe algum motivo para isto?  Porque isto ocorre? É o que o povo realmente quer, ou há uma orquestração para isto? O que ocorreria, por exemplo, se os jornalistas fossem fazer as suas matérias (se é que ainda fazem!) não para as notícias dentro da semana passada, mas com semana sorteada aleatoriamente dentro de nosso período histórico (no caso brasileiro, 500 anos!)? As matérias deixariam de cumprir o seu objetivo social? Seria pior, ou melhor? O país se atrasaria? São questões aparentemente bobas que, se levadas a sério, dão um nó no juízo da gente.
Para início de conversa, se este fosse o caso, os jornalistas deveriam ser pessoas bem mais preparadas em história, para fazerem suas matérias. Os leitores também seriam naturalmente forçados a terem maior interesse pela história. Acredito que o resultado seria altamente benéfico, pois haveria um encadeamento dos fatos e análises. Muitas vezes a explicação para eventos presentes estão "entocados" num passado distante. Há a falsa impressão de que ao jornalismo convém tratar do presente porque o passado é mais difícil de descobrir e, se está "sacramentado", é matéria preclusa que não volta mais. Para início de conversa, tudo é passado, seja próximo ou distante. Em minha experiência como historiador amador, digo sem medo de errar: é muito mais fácil descobrirmos as verdades dos eventos passados mais distantes. E a explicação é muito simples: para encobrir (abafar, como se costuma dizer!) os eventos socialmente importantes mais próximos há um verdadeiro exército, o que nem sempre ocorre com os acontecimentos passados.
  
Jornalistas políticos verdadeiros do presente são pessoas muito raras, pois devem ter coragem, altivez, honestidade, independência e capacidade técnica para acessar informações. Se a maioria dos que se julgam jornalistas políticos se dedicasse a fazer matérias sobre eventos políticos mais afastados do presente, o Brasil estaria bem melhor.

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