Desde que criei este blog, moro
na cidade de Timon, no Estado do Maranhão, há poucos metros do rio Parnaíba do
qual sou ribeirinho. Nunca havia escrito nada especificamente sobre Timon. Mas
de hoje em diante, isto mudou. Ontem à tarde fui para a passeata. Algumas
pessoas de Teresina me diziam: “não vai dar gente, mas vai dar confusão”. Fui
mesmo assim. E o que vi foi a mais grandiosa passeata que uma cidade pode ter a
honra de ter. Grandiosa, não na quantidade, mas na qualidade. Foram em torno de duas mil pessoas, mas por onde ela passava, o Povo saía das casas para vê-la.
Homens, mulheres, meninos e crianças, todos com muito respeito, como se
estivessem vendo um fantasma maravilhoso, o espírito da cidade, cidade que
agora sei ser ela a mãe maior da pátria brasileira.
O trânsito ficou parado,
inclusive na rodovia federal que corresponde à Avenida Getúlio Vargas. Foi uma
verdadeira aula de democracia que esta cidade deu ao Brasil. A passeata saiu do
centro, próximo à velha igreja, desceu em direção à Rodoviária e subiu a Avenida
Getúlio Vargas até retornar à Prefeitura, passando pelas instituições mais
importantes da cidade: o velho cemitério, a Antiga Câmara, os prédios do Poder
Judiciário, a Câmara Nova, os prédios da saúde, da educação e transporte. Em
cada instituição, o velho espírito da cidade, através da passeata, chamava a
atenção dos principais responsáveis e os exortava a se esforçarem mais para
cumprirem as suas obrigações, clamando por justiça. Não escapou ninguém. Não havia
xingamentos, não existiam insultos e nem havia vaidades. Só moralidade e
responsabilidade.
E a polícia, como se comportou? Os
militares que participaram daquele evento, algo dizia que dariam a vida para
evitar qualquer confronto. Estavam todos enlevados, e o Povo percebeu.
Como não sou de Timon e até ontem à tarde pensava que “não tinha vindo para
ficar”, julguei estranho os políticos da cidade não terem participado da passeata.
No entanto, só ontem à noite soube que eles assim procederam em respeito ao
próprio espírito da passeata, o qual tem a nível nacional a marca da não
politização partidária. As autoridades de Timon estão de parabéns, por terem o
privilégio de administrarem uma cidade com Povo tão generoso e patriótico.
Ordem Imperial do Cruzeiro. Fonte: http://www.bcb.gov.br/?ORDIMPCRUZ
Ordem Imperial do Cruzeiro. Fonte: http://www.bcb.gov.br/?ORDIMPCRUZ
Até hoje eu não sabia que Timon é a antiga Passagem de Santo Antônio. Tenho muitas informações, de
fontes primárias, sobre esta famosa passagem real para São Luís-MA, em decorrência de minhas pesquisas sobre a história do Piauí.
Foi a partir da cruenta ocupação do que hoje é a cidade de Timon, por mais de três meses de guerrilhas, que as tropas
piauienses e de Pilão Arcado-BA, comandadas por Claro Luís Pereira de Abreu
Bacelar (http://www.encontro2012.historiaoral.org.br/resources/anais/3/1340394649_ARQUIVO_DemonizacaoENHO2012UFRJ.pdf), conseguiram fechar o cerco a Caxias. A do Jenipapo na vila de Santo Antônio de Campo Maior ficou célebre entre nós, mas a tomada de Timon foi a guerra propriamente dita, com muito mais baixas, de ambos os lados. Foi a maior guerra que existiu pela Independência do Brasil. Tenho cópias de certidão em que Claro Luís ganha de D. Pedro I uma das primeiras “ordens
do cruzeiro” por ter sido o único oficial a participar de todas as fases da guerra. Claro Luís, plenamente martirizado, foi um dos mais honrados e patrióticos
militares que já existiram neste país. E tudo o que vi na passeata, lembra este
velho fantasma.
Parabéns Timon.
Parabéns Timon.
Lossian Barbosa Bacelar Miranda.
lossian@oi.com.br
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