quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Responsabilidade e coerência

Uma greve de três meses na educação é uma verdadeira loucura. É uma catástrofe para qualquer país. Deveria haver uma lei proibindo greve por mais de dois meses na educação e, seu descumprimento, implicasse sérias penalidades para dirigentes de quaisquer das partes que se mostrassem intransigentes na construção do consenso. Uma greve de três meses na educação pública é um chamamento para o fim da mesma e, certamente, só ocorre em países onde há uma vontade muito firme no sentido da privatização. Porém, a privatização do ensino superior é um perigo para a sobrevivência nacional e, neste momento, o desenvolvimento do mesmo constitui uma afirmação da soberania brasileira.

Qualquer presidente de sindicato deste ou de qualquer outro setor jamais espera que uma greve se prolongue por mais de três meses. Nunca ouvi falar que uma tão longa greve tenha ocorrido na França (onde a educação é majoritariamente pública) ou em qualquer outro país europeu. O ANDES-SN não esperava topar com um governo que demorasse tanto a negociar e no final fizesse o que fez. Agora, seus dirigentes se encontram num dilema, pois sabem que nenhum professor preocupado com a educação pública quer uma greve deste tamanho.

O ANDES-SN, desde o início do movimento, jamais concordou com o pouco valor posto à disposição dos reajustes e, muito menos ainda, com a proposta concentradora de renda do governo, concedendo reajustes maiores para os que já ganham mais. Aceitar a imposição do acordo feito com o PROIFES não é a melhor estratégia, seja em curto ou  médio prazo. A pior coisa que poderíamos fazer seria congelar nossas justas reivindicações. É necessário a manutenção da coerência. Além disso, o reajuste é uma prerrogativa do Governo (veja a postagem "O Problema do PROIFES"), o qual pode concedê-lo independentemente da vontade de qualquer sindicato. E não concedê-lo neste momento significaria "quebrar o acordo" com o próprio PROIFES. No entando, continuo defendendo a tese de que o bom senso ainda é possível, e os próprios senadores poderíam (na falta da lei de greve, que eles ainda não fizeram!) ser mediadores deste problema.

Lossian Barbosa Bacelar Miranda

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