sábado, 12 de outubro de 2013

Corrupto patriótico e a ascensão da China

Se, em uma nação, as práticas de corrupção se desenvolveram bastante (não sei se é este o caso do Brasil, ainda!), então ela, a danada da corrupção, se converte em meio para se atingir objetivos políticos. Mas, ao mesmo tempo, tal prática, abre as portas desta nação para o domínio por parte de grupos estrangeiros, inclusive de outros estados. A China é um dos poucos países do mundo onde há uma clara preocupação com esta questão. Os EUA, por terem até bem pouco tempo a centralização dos grupos econômicos, pouco precisava se preocupar com este problema, o qual foi muito combatido nesta nação em seu período de maior ascensão. A Inglaterra, em seu período áureo, também, assim procedeu, conforme se pode claramente perceber analisando a própria estrutura do estado inglês, a qual continua a ser uma das melhores para se combater a corrupção. O Brasil parece nunca ter se preocupado, minimamente, com esta questão. Está condenado a ser, enquanto assim for, um país altamente fragilizado no plano político e econômico. A tendência atual é que a China realmente passe a dominar o cenário, pois o corrupto não é democrata e, muito menos, patriota. Entrega, pela grana (e muitas vezes nem precisa ser muita!), até a mãe, quanto mais o país.

sábado, 5 de outubro de 2013

PT cutuca Marina Silva com vara curta e tiro sai pela culatra

 
Já dizia o velho Pitágoras: os números não mentem, jamais! E os números não são nada animadores para o PT. Vejamos:
 
i. Marina Silva, com quase 30% (trinta por cento) dos votos na última eleição, com absoluta impossibilidade de pelo menos não repetir a façanha;
ii. Eduardo Campos, governador consagrado, herdando o carisma de Miguel Arraes em Pernambuco, com espalhamento por todo o Nordeste. Tem tudo para retirar mais 10% de votos. E até aqui, somam 40%.
iii. Chico Buarque, que tudo fez para fazer política sem se envolver diretamente, agora vai ter que beber no cálice sagrado se não quiser apenas ver a banda passar. Ora, ele é o autor da banda e, nesta eleição ele será a própria banda;
iii. Aécio Neves, o neto de Tancredo, e agora ex-governador com boa aprovação em seu estado (o segundo maior colégio eleitoral), dificilmente não despontará como o candidato das "Minas Gerais" de votos. Num segundo turno, esperar que o PSDB faça coligação com o PT, está completamente fora de cogitação, pois isto significaria a dissolução do partido. Aliás, de ambos!
iv. Os vários governadores do PSB mostrando fortíssima coesão em torno do partido.
 
Ocorreu o pior dos mundos para o PT. Esperar que um filho de Chico Buarque capitule e um neto de Miguel Arraes se entregue? Nem pensar. É uma eleição inevitável. Do Acre (com Tião Viana) ao Rio Grande do Sul (com Paim), o PT se estremeceu! Não dá para desqualificar Marina Silva nem mesmo dentro do próprio PT. Isto é um grande problema eleitoral para o PT.
 
Se ela fosse para qualquer dos outros seis partidos que solidariamente lhe ofereceram acolhimento, ainda teria que lutar na convenção para sair candidata e isto nem sempre é fácil. No PSB, há muito tempo isto é "prego batido e ponta virada": Eduardo Campos é o candidato. E agora, com 30%, é que é mesmo! Como se diz na linguagem coloquial antiga, o PT cutucou Marina Silva com vara curta e o tiro saiu pela culatra.

Eduardo Campos dormiu com a perspectiva de uns 10% dos votos e acordou com mais 30%. Não tem política de bastidores que aguente um negócio destes.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Joaquim Barbosa e o jornalista

Barbosa pede que mulher de repórter deixe cargo no Supremo. Mas Lewandowski diz não…(http://heliofernandes.com.br/?p=75112#comments)
 
 
Resta ver o que diz a legislação em relação a tais situações. O jornalista, como casado, possui unidade civil com sua esposa. Um marido não tem obrigação de dar satisfação aos outros do que fala com sua esposa dentro de seu lar (inviolabilidade do lar!). Creio que o raciocínio supostamente invocado seja o seguinte: seria como se o jornalista tivesse situação privilegiada em relação aos seus colegas de trabalho, como se o próprio STF, através do comissionamento, estivesse promovendo uma situação melhor para este jornalista. Mas aí vem a pergunta complicada: o fato de este jornalista ter sua esposa como comissionada, o privilegia perante o STF? Sinceramente, julgo que não, pois não há informação alguma que esta servidora possa ter (salvo os processos em segredo de justiça), que os outros jornalistas não possam acessar, caso eles realmente queiram. Entendo que o único risco, quem corre é ela mesma, mas só em relação aos casos de segredo (se é que ela tem acesso a estes!), os quais convêm a ela guardar, mesmo de seu marido. Este, profissionalmente, não corre risco algum, pois é jornalista. Eu sempre achei que nos outros dois poderes deviam existir comissões de ética que fizessem o acompanhamento de servidores tal como o realizado na CEP do Poder Executivo Federal, desde o governo FHC. Tal situação, talvez gere conflito para ela. Na CEP existe toda uma teoria, e práticas consagradas, em relação a esta situação. Lá, os servidores da alta cúpula, salvo o Presidente (fiscalizado pelo Congresso) têm obrigação de declararem os seus conflitos de interesses. Mas porque os jornalistas, que já têm tantas dificuldades para conseguirem informações de peso, teriam que ser penalizados vendo suas companheiras não poderem ocupar um "carguinho comissionado" (mulher de magnata pode, não tem problema algum, "tá liberado"!), ajudando a pagar o colégio dos filhos? Sem dúvida, esta não é uma fácil questão de subsunção. Muito pelo contrário, é uma difícil questão de ponderação. Entre a liberdade de expressão e a segurança, há uma tendência funesta pela segurança e, não raras vezes, se perde as duas.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O primeiro professor público do Piauí

O texto abaixo é um ofício do primeiro professor público do Piauí para o Presidente da Província. Em seguida, apresentamos os manuscritos, achados no APPI.
Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor
Levo à mui respeitável presença de Vossa Excelência o mappa incluso da escola Publica de Primeiras Letras desta Villa, considerando-o conforme me foi ordenado na Circular de 21 de Fevereiro deste corrente anno, informando a V. Exª ser esta escola frequentada pelo nº de 32 Alunos constantes do mesmo mappa, pudendo muito bem ser pelo de 50 a 60, se não fosse a impossibilidade de seos Paes e Protetores; esta mesma cauza, e outras circunstancias tem obstado a alguns dos matriculados não tirarem todo o proveito desejável; úns por se haverem mudado deste para outro Districto, outros que residem fora lhes não fáz conta fazer a dispeza. E esta hé a báze que os priva de utimarem  suas liçoens a vista do que acho difícil a removição que V. Exª rezolverá como for servido. Levando mais a o conhecimento de V. Exª que os mesmos Paes, e Protetores cercados da maior indigência, costumão tirar da escola os filhos para diferente serviços, e quase sempre lhes faltão com os utensílios necessários para o seo a diantamento, e por conseguinte se aprezentão excessivas faltas diárias, estas se applicão em desabono aos deveres de meo Magisterio, que posto me faltem as verdadeiras luzes, a ellas suppre o desejo e o incansável desvelo que nesta parte tenho de ser útil a mocidade.
Deos guarde a V. Exª. Villa de Valença do Piauhy, 4 de Maio de 1844.
Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Doutor Jozé Idelfonso de Souza Ramos.
Prezidente desta Provincia.
Reinaldo Pereira de Abreu Bacelar.
Professor.

 
 
 
 
 
Enquanto isto, os professores continuam apanhando no Rio de Janeiro (http://www.brasil247.com/pt/247/rio247/116334/Professores-denunciam-violência-em-desocupação.htm). De Anaxágoras para cá, uma história de "taca". Estamos marchando já para três milênios de taca. Qual é mesmo o motivo de tanta taca, e nós não desistirmos? A única explicação que vejo para isto é que esta lição da taca está imprópria para nós professores. Os vermes talvez a aprendam. Nós, não!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Como evitar a comercialização da morte em larga escala?

Primeiro drone comercial lançado nos EUA
Drone comercial. Fonte: http://portuguese.ruvr.ru/news/2013_09_25/Primeiro-drone-comercial-lan-ado-nos-EUA-3052/



Mais uma péssima notícia para os pobres.
 
De tanto noticiarem, todos já sabem o que os tais drones mais fazem atualmente: matam os pobres  a partir do espaço aéreo. Nos EUA, acaba de ser lançado o primeiro drone comercial (http://portuguese.ruvr.ru/news/2013_09_25/Primeiro-drone-comercial-lan-ado-nos-EUA-3052/).
 
E aí vem a pergunta inquietante que ajudou a matar o nosso Santos Dumont: como evitar que sejam usados para os particulares matarem uns aos outros? Tudo caminha seriamente em direção ao caos.




 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

"Mais médicos" desde 1811

Semana passada uma aluna de jornalismo da UFPI, que está fazendo uma pesquisa jornalística sobre Luis Carlos da Serra Negra (https://www.google.de/#q=demoniza%C3%A7a%C3%B5+e+mitifica%C3%A7%C3%A3o+de+luiz+carlos&spell=1), perguntou para mim porque demonizaram Luis Carlos. Respondi que havia sido por questões políticas. Vejo reforçada esta resposta pelo seguinte fato: a primeira providência de Luís Carlos como membro executivo da junta trina  da capitania piauiense recém-separada politicamente do Maranhão, foi enviar ao rei D. João VI pedido de mais médicos para o Piauí (Requerimento Nº 1), pois só haviam dois, os quais não eram suficientes para atender tanta gente. Ele não pedia cubanos, mas qualquer um, de qualquer lugar. E não exigia revalida. Vejam o documento, tão "atualzinho".
 
 
Primeiro ato administrativo de Luis Carlos da Serra Negra. Fonte APPI
 
Eu havia tirado esta foto no APPI em 09/12/2006 porém, nunca  havia lido este documento. A entrevista que dei ao jornal Estado de São Paulo sobre o Luis Carlos foi consequência de uma matéria que o Blog da Garoa veio fazer sobre o programa Mais Médicos. O prefeito de Santa Cruz dos Milagres, onde está a fazenda Serra Negra de Luis Carlos, foi o primeiro do Brasil a requerer à nossa atual Rainha, os médicos cubanos (http://blogs.estadao.com.br/blog-da-garoa/casarao-da-serra-negra-do-seculo-18-ameacado-de-desaparecer-no-interior-do-piaui/). Luis Carlos, pouco tempo após o seu pedido, ganhou a mais estranha das mortes. O atual prefeito de Santa Cruz dos Milagres, com certeza terá mais sorte. Entretanto, a falta de médicos continua.
 

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A Primeira Eleição do Piauí?

O documento abaixo é a ata da eleição para os membros do Conselho da Província do Piauí. Vi este texto há alguns anos no Arquivo Público do Estado do Piauí e tirei algumas fotos, as quais agora transcrevo. É um texto rico de informações. O utilizarei para pedir à Câmara Municipal de Teresina e à Prefeitura desta cidade, que prestem uma homenagem a CLEMENTINO LUIS PEREIRA BRAZIL.
Clementino foi o piauiense que fez o documento abaixo, o qual marca o início da democracia em nosso Estado. Foi ele, na qualidade de militar e Secretário do Senado de Oeiras, quem redigiu a ata de criação da Vila Nova do Poti. Viajou por toda a zona rural de Teresina fazendo os mapas e delimitando as fronteiras do que viria a ser a atual capital piauiense. Clementino criou a Câmara Municipal, a Polícia, o Poder Público, ou seja, a cidade propriamente dita. Veja, só para confirmar, o livro de Wilson Carvalho Gonçalves: Roteiro cronológico da história do Piauí: 1535-1995, Editora Gráfica e Editora Júnior, 1996. São abundantes as informações existentes sobre Clementino no Arquivo Público do Estado do Piauí.
No despacho governamental nº 253 de 20/02/1832 eis o que o Presidente da Província do Piauí (Visconde da Parnaiba) diz sobre Clementino:
“Clementino Luiz Pereira Brazil. Desde o anno de 1825, que conheço o Supplicante nesta cidade sempre com muito bom comportamento manço, temente as leis, respeitador das Autoridades e a seus superiores, activo, e cuidadozo no dezempenho de seus deveres nos Empregos que servio na Repartição da Junta da Fazenda desta Província, por isso que nunca tive queixa contra elle assim a respeito de sua conduta Publica como da particular” [Códice 462, estante 04, prateleira 03, APPI, fls. 135 e 135v].
 
Cópia da Ata da apuração qual á que procedeu a Camara Municipal de Oeiras-PI, da Eleição dos Membros do Concelho Geral de Provincia
Ata da apuração qual á que procedeu a Camara Municipal desta cidade, da Eleição dos Membros do Concelho Geral de Provincia. Aos onze dias do mêz de junho de mil oitocentos trinta e trez, décimo segundo da Independencia e do Imperio, nesta Cidade d’Oeiras do Piauhi, e nos Passos do Concelho de portas abertas, reunida a Camara Municipal com assistência de seo respectivo Presidente Interino. E mais Veriadores, dos Eleitores desta Capital, Pessoas da Governança e Povo dela, as oito horas da manhã, com toda a publicidade para se proceder á apuração geral das Actas da Eleição dos Collegios, desta Cidade, e das Villas da Parnahiba, Campomaior, e Parnagoá, Cabeças de Districtos, a fim de eleger-se treze Concelheiros de Provincia na conformidade do Capitulo sétimo, paragrafo único das Instruções de vinte e seis de Março de mil oito cento vinte e quatro, e Artigos setenta e trêz, setenta e quatro, e setenta e cinco da Constituição do Imperio, e sendo de novo apresentadas pelo Presidente as authenticas recebidas dos Collegios Eleitores, seprocedeo á apuração delas procedidas as formalidades do Capitulo oitavo, paragrafo sexto das citadas Instruções, e obtiveram maioria de votos para Membros do referido Concelho de Provincia os Cidadãos seguintes
      Capitão Francisco de Souza Mendes, setenta e sete votos;

Roberto Pereira Leite de Souza, setenta e cinco votos;

José Luis da Silva, setenta e quatro votos;

Amaro Gomes dos Santos, setenta votos;

José Nicolau da Costa Freire, 69 votos;

Manoel Rodrigues de Macedo, 69 votos;

Manoel Clementino de Souza Martins, 69;

Raimundo de Souza Martins, 68 votos;

Manoel Florencio dos Santos, 60 votos;

Padre Marcos d’Araujo Costa, 48 votos;

Tenente Coronel José de Souza Martins, 46 votos;

Capitão-mór João Nepomuceno Castelo Branco, 41 votos;

José Mendes Vieira, 34 votos;

Roberto Vieira Passos, 33;

Vicente de Souza Mendes, 32;

Felix Pereira da Silva, 29;

Joaquim Antonio de Morais, 28;

Francisco José de Araujo Costa, 27;

Cezario Jose da Silva Conrado, 27;

Padre Candido Pereira de Lemos, 26;

Tiburcio José de Borges, 26;

Padre Francisco Serafim d’Assis, 26;

Padre Ambrozio Machado Wanderley, 25;

Manoel Pinheiro de Miranda Ozorio, 25;

Jose Pereira da Silva Mascarenha, 24;

Thomé Mendes Vieira, 23;

Antonio Jose Henriques, 23;

Ignacio de Loiola Mendes Vieira, 20;

Raimundo Perei (......);

(.....................)

Justino José da Silva Moura, 16;

Padre Domingos de Freitas e Silva, 16;

Jose Rodrigues Coelho, 14;  
Venancio Jose da Costa Vellozo, 13;

Jose Lourenço de Britto Bembem, 12;

Coronel Antonio Raimundo Dias de Seixas e Silva, 10;

Antonino Ferreira d’Araujo, 10;

João Gomes Caminha, 8;

Coronel Joaquim de Souza Martins, 8;

Capitão Arnaldo Jose de Carvalho, 7;

Alexandre Bartholomeo de Carvalho, 6;

Angelo Custodio Ferreira, 5;

José Ignacio Madeira de Jezus, 5;

Thomé Joaquim Gomes Teixeira, 5;

Antonio Lopes de Castello branco e Silva, 4;

Jose Antonio Ferreira, 4;

João José Nogueira, 4;

Manoel Luis Ferreira, 4;

Domingos Dias da Silva Henriques, 3;

João Damaceno Rodrigues, 3;

João José de Salles, 3;

Ignacio Francisco de Araujo Costa, 3;

Manoel Joaquim Henriques de Paiva, 3;

Capitão Manoel Gonçalves Pedreira, 3;

Raimundo José de Queiroz, 3;

Raimundo Jose Ferreira, 3;

Major Antonio Soares da Silva, 2;

Benedicto José de Souza Britto, 2;

Francisco Felix Narciso de Castello branco, 2;

José Martins dos Reis, 2;

João Ferreira Barboza, 2;

João Barboza de Carvalho, 2;

João José Baptista Ferreira, 2;

João Severo Tavares, 2;

Henrique Hermenegildo de Carvalho, 2;

Manoel Marques dos Reis, 2;

Manoel Thomaz Ferreira, 2;

Luis Manoel de Mesquita, 2;

Padre Pedro Antonio Pereira Pinto do Lago, 2;

Raimundo Jose de Queiros Junior, 2;

Padre Domingos Rodrigues Chaves, 1;

Bacharel Francisco de Souza Martins, 1;

Francisco José de Carvalho, 1;

Antonio de Souza Mendes, 1;

Padre Custódio d’Araujo Costa, 1;

José Raimundo Silva, 1;

José Antonio da Cunha Rabello, 1;

João da Rocha Vale, 1;

José da Cunha Simoens, 1;

Manoel Rodrigues Coelho de Souza, 1;

Manoel Florencio do Nascimento, 1;

Manoel Rodrigues de Carvalho, 1;

Luis Manoel de Pontes, 1;

Lourenço Antonio Marreiros de Castello branco, 1;

Major Manoel Lopes Teixeira, 1;

Simplicio Raimundo Dias de Seixas e Silva, 1;

Victor da Costa Velloso, 1.
E para constar se lavrou esta Acta em que a Camara assignou com os Eleitores presentes. Eu, Clementino Luis Pereira Brazil, Secretario da Camara escrevy. Thomé Joaquim Gomes Teixeira. Lourenço Antonio Marreiros de Castello branco. João Ferreira Barboza. Theotonio de Souza Mendes. Francisco Tavares da Silva. Vicente Soares da Silva, Procurador. Barão da Parnahyba, Eleitor. Cezario José da Silva Conrado, Eleitor. João Ferreira de Carvalho, Eleitor. Manoel Pinheiro de Miranda Ozorio, Eleitor. José Nicolau da Costa Freire, Eleitor. José Lourenço de Britto Bembem, Eleitor.

Está conforme. 
Clementino Luis Pereira Brazil.
Secretario da Camara Municipal.
Conferida comigo.     João Antonio de (..........).
  


A seguir, apresentamos algumas informações devidamente documentadas acerca de Clementino Luis Pereira Brazil. Os dados são expostos obedecendo a ordem crescente das várias pesquisas feitas no Arquivo Público do Estado do Piauí - APPI.

Clementino Luiz Pereira Brazil. OEIRAS/TERESINA. Era Militar e Secretário da Câmara de Oeiras-PI, e fez denúncia contra o que ele chamava de "cabalas na Eleição da Câmara de Oeiras" (página 204v do livro da Capitania (ou da Balaiada?). Na listagem eleitoral de Oeiras em 3/2/1854 aparece com 45 anos e militar (alferes?) [Caixa 676 do município de Oeiras].
No Livro de Qualificação de Votantes de Teresina em 1876 (páginas 82v e 83), era casado e tinha 68 anos de idade. Nasceu, a julgar por esta informação, por volta de 1808. Nas páginas 135v e 136 da Lista de Qualificação de Votantes de Teresina-PI, consta o seguinte sobre este militar: número de inscrição 351, 68 anos, casado, militar, sabe ler e escrever, mora em Teresina e já é falecido (como observação). Seu nome aparece num dos documentos da fundação de Teresina-PI. Na Eleição para a Câmara de Oeiras em 1/02/1835, Clementino era o Secretário da Câmara.
            Na lista de qualificação de votantes de 1875 (junta revisora de 1875, conforme Art. 3º do Decreto 2.865 de 21/12/1861), Clementino Luiz Pereira Brazil assim estava qualificado: “61 anos, militar, viuvo, 1.200//00, elegível, mudado [Caixa Igreja Matriz anos 1854-1889].
            Em 5/3/1859, Clementino Luis Pereira Brazil, tenente-ajudante do 1º Batalhão da Guarda Nacional de Teresina pede indulto da tabela de 1º de maio de 1858 [caixa 398 do Judiciário de Teresina/APPI].
            Em 02/08/1856, na relação dos guardas nacionais da reserva em Oeiras-PI, Clementino Luiz Pereira Brazil, 46 anos, morador no distrito, militar, 250//000 [Guarda Nacional, Caixa 17. APPI].
            A seguir, faremos um esboço do auto de arrolamento do espólio de Clementino existente na caixa número 239 do Poder Judiciário de Teresina / APPI:
1.      O Presidente da Província do Maranhão comunicou o falecimento de Clementino para o Presidente da Província do Piauí em 20/12/1876 (Nº 581);
2.      Clementino, segundo o Presidente da Província do Maranhão faleceu no dia 14/12/1876 amanhecido morto na porta de uma casa da Rua Alecrim em São Luis do Maranhão. Era alferes reformado do Exército, e há poucos dias antes de seu falecimento havia conduzido praças para o 5º Batalhão em São Luis do Maranhão. A autópsia foi feita no dia seguinte à morte, visto que os peritos alegaram que o corpo ainda estava quente. Congestão no cérebro e nos pulmões foi o resultado da autópsia feita no Hospital da Madre de Deus. Foi então, o cadáver levado à sepultura[1].
3.      Sua mulher, que diziam morar em Oeiras-PI, era Silvana de tal.
4.      Seus únicos bens deixados foram um baú de couro com os seguintes pertences: uma espada; uma lança; um espelho; uma navalha; um canivete; uma tesoura; três lenços; três camisas; quatro calças de brim; um sobrecasaco militar; uma capa de chapéu de sol; dois palitós; um chapéu de palha; um talim; uma gravata de couco; um boné; um par de luvas.
5.      No Piauí, os objetos não foram entregues a nenhum parente e foram à hasta pública e errematados pelo Capitão Antonio Ribeiro Suares por dois mil réis em um único lance, pois ninguém cobriu esta proposta.
Algumas perguntas ficam no ar, tais como: qual o objetivo da viagem de Clementino com os praças? Porque o Presidente da Província do Maranhão silenciou em relação ao local exato onde o corpo de Clementino foi encontrado? Porque ninguém da família recebeu os pertences
Nos registros da Guarda Nacional em 30/06/1845: Clementino Luiz Pereira Brazil, natural de Valença-PI, 38 anos de idade, 05 anos de serviço militar, casado, 04 filhos, praça voluntário em 18/08/1840, serviu como 1º cadete e sargento ajudante, mas ignorava o informante alferes secretário, a data do reconhecimento e da formação (Decreto de 31/03/1842). Eis as informações técnicas relativas a este militar, segundo relatório do tenente coronel Antonio José de Carvalho, comandante das tropas: boa disposição física e saúde, conduta civil boa, conduta militar boa, boa aplicação aos estudos, tem alguma aplicação ao serviço. Há a seguinte observação: “Este oficial pronunciou-se nas eleições contra o governo declarando que sua opinião era livre e que votaria segundo sua vontade. Protesta, contudo, ser amante de S. M. R. Continua a servir com disgosto no lugar que ocupa” [APPI. Caixa. Guarda Nacional nº 559].
Em 08 de julho de 1856, da cidade de Teresina, o alferes Clementino Luiz Pereira Brazil, então encarregado dos artigos bélicos, envia ao Presidente da província Frederico de Almeida Albuquerque um relatório sobre o estado das armas. Neste relatório Clementino Luiz faz referência a dois de seus filhos, então colaboradores no trato das armas a saber: Ormevile Antunes Brazil e José Ovídio Antunes Brazil[2].
Em 5/10/1838 Clementino Luiz Pereira Brazil é nomeado Professor de 1as Letras pelo método simples em Oeiras-PI, com vencimento de 400//000 (quatrocentos mil réis) [Códice 281, APPI, fl.168v].

O partido conservador gostava de negar os pedidos de Clementino:

i)  http://memoria.bn.br/docreader/hotpage/hotpageBN.aspx?bib=217204&pagfis=269&pesq=&esrc=s&url=http://memoria.bn.br/docreader#
ii) http://memoria.bn.br/docreader/hotpage/hotpageBN.aspx?bib=217204&pagfis=309&pesq=&esrc=s&url=http://memoria.bn.br/docreader#

No livro clássico História Militar do Brazil (1920), de Genserico de Vasconcelos, há informações sobre Clementino, o qual foi o preparador das tropas piauienses que foram lutar na guerra do Paraguai. Monsenhor Chaves cita este fato em sua história de Teresina. Clementino, juntamente com seus filhos, eram as pessoas que faziam a manutenção dos armamentos em Teresina. Clementino veio morar na nova capital.

Brevemente, disponibilizarei neste blog as fotografias dos manuscritos da ata de criação da Vila Nova do Poti e do documento acima transcrito.


[1] Infelizmente o documento não diz onde foi feito o sepultamento de Clementino, que talvez tenha tido um triste fim. Nota do autor.
[2] Clementino Antunes Brazil foi eleitor na instalação da mesa paroquial de São Raimundo Nonato em 02/08/1878 (ata de apuração dos votos). Em 24/11/1885, em sentença proferida nos autos de inventário de Clementino Antunes Brazil, julgam-se boas as contas prestadas pelo tutor, o capitão Manoel Antunes de Macedo. Em lista de votantes de São Raimundo Nonato consta José (...) Ribeiro Antunes, 28 anos, filho de Clementino Antunes Brazil, casado, proprietário, morador no Alto Alegre  [Caixa 641 Executivo São Raimundo Nonato, APPI].

Fotos dos originais: