quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Joaquim Barbosa e o jornalista

Barbosa pede que mulher de repórter deixe cargo no Supremo. Mas Lewandowski diz não…(http://heliofernandes.com.br/?p=75112#comments)
 
 
Resta ver o que diz a legislação em relação a tais situações. O jornalista, como casado, possui unidade civil com sua esposa. Um marido não tem obrigação de dar satisfação aos outros do que fala com sua esposa dentro de seu lar (inviolabilidade do lar!). Creio que o raciocínio supostamente invocado seja o seguinte: seria como se o jornalista tivesse situação privilegiada em relação aos seus colegas de trabalho, como se o próprio STF, através do comissionamento, estivesse promovendo uma situação melhor para este jornalista. Mas aí vem a pergunta complicada: o fato de este jornalista ter sua esposa como comissionada, o privilegia perante o STF? Sinceramente, julgo que não, pois não há informação alguma que esta servidora possa ter (salvo os processos em segredo de justiça), que os outros jornalistas não possam acessar, caso eles realmente queiram. Entendo que o único risco, quem corre é ela mesma, mas só em relação aos casos de segredo (se é que ela tem acesso a estes!), os quais convêm a ela guardar, mesmo de seu marido. Este, profissionalmente, não corre risco algum, pois é jornalista. Eu sempre achei que nos outros dois poderes deviam existir comissões de ética que fizessem o acompanhamento de servidores tal como o realizado na CEP do Poder Executivo Federal, desde o governo FHC. Tal situação, talvez gere conflito para ela. Na CEP existe toda uma teoria, e práticas consagradas, em relação a esta situação. Lá, os servidores da alta cúpula, salvo o Presidente (fiscalizado pelo Congresso) têm obrigação de declararem os seus conflitos de interesses. Mas porque os jornalistas, que já têm tantas dificuldades para conseguirem informações de peso, teriam que ser penalizados vendo suas companheiras não poderem ocupar um "carguinho comissionado" (mulher de magnata pode, não tem problema algum, "tá liberado"!), ajudando a pagar o colégio dos filhos? Sem dúvida, esta não é uma fácil questão de subsunção. Muito pelo contrário, é uma difícil questão de ponderação. Entre a liberdade de expressão e a segurança, há uma tendência funesta pela segurança e, não raras vezes, se perde as duas.