domingo, 14 de setembro de 2014

O Medo da Hitler

  Creio que nós filósofos devemos analisar os fatos políticos, inclusive as picuinhas, de modo direto, sem temor e, se isto não for possível, com uma mistura de temor e responsabilidade em face da verdade. Afinal, se nós formos perseguidos e tivermos que morrer, apenas seremos mais um do maravilhoso rol. Alguns chegam a comparar Marina Silva  com Hitler, devido ao fato de ambos serem fisicamente frágeis e terem uma oratória fora do normal. Para ser sincero, a oratória dela não é exagerada. Já vi em ação muitos oradores melhores que ela. Quanto a Hitler, jamais o vi em ação. Dizem também que Marina está recebendo apoio de pessoas ricas. Dizem também que ela prega, pelo menos no plano implícito, o fim do partidarismo brasileiro, pois diz que governará com as boas pessoas de todos os partidos.  É isto, também, o que te atormenta, caro leitor? 

 Até que melhores pensamentos filosóficos me convençam do contrário, julgo tudo isto equivocado, salvo os bons juizos de valor relativos à oratória de Marina. O partidarismo brasileiro se acabou faz tempo, com a orgia das coligações eleitorais antes, durante e depois das eleições. O máximo de maldade que a Marina poderá fazer neste ponto é vilipêndio de cadáver e, isto, se conseguir aprovar alguma mudança no Congresso Nacional. Quanto ao apoio de pessoas ricas, os mais ricos até agora foram o dono da Natura (este soube fazer propaganda de sua empresa!), que foi seu vice na eleição passada e, Neca Setúbal, a qual tem menos de 1% do ITAÚ (deve estar querendo aumentar o percentual!). Outros partidos sim, têm apoio de pessoas mais ricas. Quanto ao fato de Marina propor governar com os bons, ela apenas quer com isto, conseguir o apoio dos milhões de brasileiros que foram para as ruas no ano passado reclamar contra a corrupção. E ela está conseguindo, coisa que a própria Dilma poderia ter feito e não fez. Dilma ainda ensaiou uma tentativa mas, não sei por quais cargas d'agua, não foi avante. Deve estar arrependida devido à forte probabilidade de Marina vencer esta eleição. As circunstâncias históricas do Brasil, industrialmente pobre, tecnologicamente periférico, sem histórico de poder militar, todo dividido, impedem de modo absoluto, a existência de um Hitler. Uma Hitler (peço perdão às mulheres pelo artigo uma) subtropical só pode ser fruto de excessos e abcessos de imaginação.