Creio que nós filósofos devemos analisar os fatos políticos, inclusive as picuinhas, de modo direto, sem temor e, se isto não for possível, com uma mistura de temor e responsabilidade em face da verdade. Afinal, se nós formos perseguidos e tivermos que morrer, apenas seremos mais um do maravilhoso rol. Alguns chegam a comparar Marina Silva com Hitler, devido ao fato de ambos serem fisicamente frágeis e terem uma oratória fora do normal. Para ser sincero, a oratória dela não é exagerada. Já vi em ação muitos oradores melhores que ela. Quanto a Hitler, jamais o vi em ação. Dizem também que Marina está recebendo apoio de pessoas ricas. Dizem também que ela prega, pelo menos no plano implícito, o fim do partidarismo brasileiro, pois diz que governará com as boas pessoas de todos os partidos. É isto, também, o que te atormenta, caro leitor?
Até que melhores pensamentos filosóficos me convençam do contrário, julgo tudo isto equivocado, salvo os bons juizos de valor relativos à oratória de Marina. O partidarismo brasileiro se acabou faz tempo, com a orgia das coligações eleitorais antes, durante e depois das eleições. O máximo de maldade que a Marina poderá fazer neste ponto é vilipêndio de cadáver e, isto, se conseguir aprovar alguma mudança no Congresso Nacional. Quanto ao apoio de pessoas ricas, os mais ricos até agora foram o dono da Natura (este soube fazer propaganda de sua empresa!), que foi seu vice na eleição passada e, Neca Setúbal, a qual tem menos de 1% do ITAÚ (deve estar querendo aumentar o percentual!). Outros partidos sim, têm apoio de pessoas mais ricas. Quanto ao fato de Marina propor governar com os bons, ela apenas quer com isto, conseguir o apoio dos milhões de brasileiros que foram para as ruas no ano passado reclamar contra a corrupção. E ela está conseguindo, coisa que a própria Dilma poderia ter feito e não fez. Dilma ainda ensaiou uma tentativa mas, não sei por quais cargas d'agua, não foi avante. Deve estar arrependida devido à forte probabilidade de Marina vencer esta eleição. As circunstâncias históricas do Brasil, industrialmente pobre, tecnologicamente periférico, sem histórico de poder militar, todo dividido, impedem de modo absoluto, a existência de um Hitler. Uma Hitler (peço perdão às mulheres pelo artigo uma) subtropical só pode ser fruto de excessos e abcessos de imaginação.