sábado, 13 de setembro de 2014

MARINA: herdeira natural do Lulismo



Antes de tudo, convém fazermos uma distinção entre o Lula e o Lulismo. Algumas pessoas, devido a pouca vivência, confundem o Lulismo com o Lula e sua realidade atual. Chegam a pensar que o Lulismo poderia ser expressão da vontade do Lula. Este é o maior dos enganos, pois o Lulismo, em sua maior parte, é fruto do não exercício da vontade do Lula, o qual só é o que é, e isto, independentemente se suas vontades atuais, devido ao fato de ter abdicado de suas vontades na criação e consolidação do PT como primeira fase do Lulismo. Nesta abdicação reside toda a grandeza do Lula. Lula foi um instrumento dos intelectuais para a criação do Lulismo. O Lulismo é este movimento que ensinou ao Povo Brasileiro que ele pode e deve ser agente da construção do poder político. O Lulismo diz que pode e deve existir, sempre, em todas as eleições, as pessoas do Povo, e que o Povo deve votar nelas. Dilma é fruto da vontade do Lula, mas não do Lulismo. O PT, enquanto partido político, sempre teve muitas correntes, mas o disco (balança bidimensional) sempre pendeu, ora para o “PT do Lula”, ora para o “PT do Zé Dirceu”. O PT do Lula trabalhando, e o PT do Zé Dirceu, administrando. Neste momento, Dilma parece estar vinculada muito mais à vontade do Lula e ao PT do Zé Dirceu do que ao Lulismo. Do Lulismo, a candidata que dele mais se aproxima é Marina Silva, por razões históricas. O Lula, enquanto metalúrgico do ABC, era elite dos trabalhadores brasileiros. De fato, o salário de um metalúrgico da Volkswagen era muito maior do que o de uma empregada doméstica usual. Sob este ângulo, a candidatura de Marina Silva (notem a semelhança com Lula até no sobrenome!), como analfabeta até os 17 anos, empregada doméstica, seringueira e professora, constitui a quintessência do Lulismo, tudo o que o Lulismo pode almejar. Os interesses podem até dizer não, mas lá no fundo, todos os intelectuais que ajudaram a criar o Lulismo, inclusive o Fernando Henrique Cardoso, querem que Marina vença a eleição. O próprio Lula, quando manifesta alegria por Marina e Dilma estarem na frente e empatadas nas pesquisas (ambas foram do PT, com Marina um pouco mais antiga nesta agremiação), vê Marina como legítima filha do Lulismo. Quando Dilma diz “Marina anda com banqueiros”, subentende-se que ela quer expulsar Marina do reino do Lulismo. Por outro lado, quando Marina diz 
“Eu vi muita gente desqualificando o Lula. O intelectual tinha que dar o aval para o operário se colocar como Presidente da República. Esqueceram muito rápido do que nós tivemos que passar, mas eu não esqueci, o Povo Brasileiro não esqueceu”
ela se identifica com o Lulismo, sua história e sua vivência, defendendo o Lula que abdicou de si mesmo para criar e consolidar o PT. No fundo, ambas "brigam", não uma contra a outra, mas pela primazia do Lulismo. A Nação Brasileira está de parabéns por termos chegado a este nível de discussão, protagonizado pelas mulheres.