Hoje pela manhã houve
um evento público em auditório de um hotel da zona leste de Teresina-PI, com
uma confraternização entre os médicos cubanos e os gestores municipais de saúde
dos municípios onde estes médicos irão trabalhar. Uns duzentos médicos cubanos
já estão no Piauí. Em fevereiro virão os últimos. A expectativa dos gestores
municipais é muito grande. Em muitas cidades já existem casas prontas para
recepcioná-los. Os gestores, após o almoço, levaram os médicos para os seus respectivos
municípios. Cento e quarenta e seis médicos cubanos viajarão hoje para o
interior do Piauí. Antônio Soares de Sousa Neto, secretário municipal em
Sigefredo Pacheco veio buscar quatro médicos para o seu município. Lá só havia
um único médico, o qual só trabalhava durante dois dias fixos. Mas ele acha que
mesmo com a chegada de quatro, não vai sobrar, pois eles trabalharão por área
em quatro PSF onde, em cada uma, tem um posto de saúde equipado com o básico, a
saber: cama para pacientes (treze leitos na sede), estetoscópio, aparelho de
pressão, farmácia, sala de curativos, raio-X odontológico (sede) sala de parto
(sede). Em Sigefredo Pacheco tem 9.777 pessoas. Os médicos trabalharão em
dedicação exclusiva de segunda-feira a sexta-feira. A conversa é que o estado
brasileiro pagará R$10.000,00 mensais pelos serviços cada médico e que parte
será para o estado cubano, para ajudar o governo, conforme me disse uma médica
cubana. Ela também me disse que todos os médicos são voluntários, e que
trabalharão durante três anos. Também me falou que a maioria deles é de pessoas
casadas e com filhos. Estão animados e para mim, pareceram pessoas muito disciplinadas, responsáveis e conscientes das dificuldades que enfrentarão. Certamente ajudarão a população carente do Piauí, diminuindo uma grande reclamação que as pessoas têm para com os prefeitos municipais: a questão da saúde. Residirão nos municípios, não se envolvem em política, não pedem voto, não votam, e também não se candidatam, o que é muito bom para os prefeitos. Uma gestora me disse que eles terão apenas férias anuais para, se quiserem, ir a Cuba.
Disse-me também que eles querem acesso total à internet, inclusive para poderem
se comunicar com suas famílias. Tudo isto é, acima de tudo, um grande drama
humano.