domingo, 28 de julho de 2013

Os intelectuais nos salvam: Lemaitre, Mario Rocchi e o Papa


Quando estava havendo a eleição do papa, escrevi dois pequenos textos sobre o tema. Ei-los: http://pyaugohy.blogspot.com.br/2013/02/raio-cai-na-basilica-de-sao-pedro-no.htmlhttp://pyaugohy.blogspot.com.br/2013/03/eleito-o-papa-chico.html.

No primeiro eu disse:
"Mesmo que existam divisões na cúpula, conforme noticiam os jornais, os jesuítas são organizados demais para deixarem a coisa desandar".
e, no segundo:
"Que ninguém espere erros neste Papa".
Os jesuítas são a elite intelectual da igreja, e também do Mundo. Todos eles são obrigados a terem pelo menos duas formações acadêmicas, e são escolhidos por suas capacidades inatas. Apesar de não ser igrejeiro (religioso sempre fui!) quando adolescente fui aluno de um padre jesuíta, o qual trabalhou até com Enrico Fermi, o construtor da primeira bomba atômica. 

Ele sempre perguntava: o que é isto? Quando fui seu aluno de matemática, no momento exato em que faltava a energia elétrica, ele tirava um fósforo e uma vela do bolso e continuava a aula. Almoçou uma única vez comigo, já bem velhinho, e filosofou bastante. Certa vez serrou a galha da árvore e... Tibung! A mesma era a que ele estava em cima! 

Quando Einstein fez a teoria da relatividade geral, teve uma conversa com um padre jesuíta professor de física. Após a conversa, os jornalistas perguntaram como havia sido a mesma, e Einstein disse que só entendeu o padre Lemaitre (criador da teoria do Big Bang!) no início.


Certa vez estive na sede brasileira deles, o colégio da Bahia. Nunca vi tanta disciplina. Aliás, nem mesmo sabia que era possível existir naquele nível. E agora, digo que vale a pena transcrever esta matéria da Tribuna da Imprensa (de Hélio Fernandes):

Jorge Béja
Fonte: http://heliofernandes.com.br/?p=70796. Em 28/07/2013.
Papa sj.
No início da tarde de terça-feira passada (23), após ter descansado da maratona de sua viagem do dia anterior, o Papa Francisco acordou na Residência Assunção no Sumaré determinado a visitar um centro educacional para menores infratores. “Eu vim para a jornada da juventude e os jovens que cumprem pena não devem ser excluídos da jornada. Se eles não podem vir a mim, eu é que vou até eles. Onde fica? “, disse e perguntou o Papa. “Não é muito longe, Santidade, fica na Ilha do Governador, próximo ao aeroporto onde seu avião pousou ontem. É o Centro Socioeducacional Dom Bosco, recentemente inaugurado. “Vou lá. E agora”, decidiu o Papa.
Ordem dada, ordem cumprida. Francisco concordou que sua visita não fosse divulgada, nem presenciada pelos jornalistas. E despistando a imprensa, o Papa embarcou em um automóvel preto, indevassável, e com ele dois outros prelados. O carro do Papa foi seguido à frente por veículos com policiais federais. Atrás, por viaturas com integrantes da guarda suíça. E assim o comboio desceu do Sumaré e chegou até a Estrada dos Maracajás, no Galeão, Ilha do Governador, onde fica o Centro Socioeducacional Dom Bosco, no terreno ao lado do inferno que era o Instituto Padre Severino.
Ao longo do percurso, sem batedores, a comitiva parou em todos os sinais de trânsito que estavam fechados e enfrentou alguns congestionamentos, não muito demorados.
Ao chegar, de surpresa, ao referido centro socioeducacional, os automóveis não tiveram problema para entrar no pátio do estacionamento. Lá dentro, o Papa desceu do carro e logo foi reconhecido pelos menores, entre 12 e 18 anos, que naquele momento estavam no campo de futebol. Foi uma festa. Presente, o diretor do centro e demais funcionários não acreditavam no que estavam vendo e ocorrendo. E no próprio gramado, Francisco se reuniu com 30 menores que lá se encontravam e logo apareceram os 28 restantes, que estavam nas salas de aula.
TODOS SOMOS PECADORES
O Papa começou dizendo a eles: “Meus jovens, Cristo e a Igreja precisam muito mais de vocês e vocês de Cristo e da Igreja, do que os outros jovens que estão lá fora. Todos nós somos pecadores. Todos nós erramos. Mas nem os nossos erros, nem os nossos pecados nos afastam de Jesus, que continua a nos amar. Em cada um de vocês Jesus Cristo está vivo e presente. Mas é preciso que alguém nos diga isso…que cada um de vocês saiba disso…saiba e tenha a certeza disso. Se vocês não sabem, Jesus não pode se revelar a vocês…porque vocês não sabem…não conhecem Jesus…e como uma pessoa, que não conhece a outra e nem sabe que a outra existe e está perto, bem dentro de nós, pode fazer pedidos?…pode saber que não está só?….que  tem em sua defesa um pai forte, fiel, bondoso e eterno?”
E continuou o Papa pregando: “O Papa viajou até aqui, a Cidade do Rio de Janeiro ,para se reunir com a juventude do mundo todo e milhares e milhares de jovens como vocês, brasileiros e estrangeiros, já chegaram nesta maravilhosa cidade, abençoada pela imagem do Cristo Redentor, lá no alto do morro do Corcovado. Vocês, meus queridos filhos, que não podem estar lá do lado de fora para se reunir com essa multidão de jovens, tão cheios de esperança, tão cheios de fé em Cristo Jesus e na Igreja, fé e esperança que também estão no coração de cada um de vocês , vocês não podem ficar esquecidos pelo Papa…o Papa veio até vocês…veio ver vocês…veio dizer que acredita em vocês…que vocês não mais vão errar, mas seguir o caminho do bem, da honestidade, da solidariedade, dos estudos, do trabalho, da formação da família…porque todos nós somos filhos de Deus, somos irmãos de Cristo Jesus, que também é nosso irmão e nosso pai, que nunca nos abandona…Se cada um de vocês falar, perguntar e pedir a Jesus…Jesus ouve…Jesus responde…Jesus atende…para isso é preciso que nossos sentidos…nossos ouvidos…nossos olhos…nossos corações …estejam abertos para Jesus”.
Francisco ainda falou mais àqueles jovens infratores. Pediu que todos eles “botassem fé em Jesus”. Depois, todos foram para o refeitório onde o Papa e os internos tomaram suco de uva e comeram biscoitos. Na despedida, o menor JMB, depois de abraçar e beijar o Papa, disse que a visita dele era a visita do próprio Jesus. Que ele e outros internos não apenas sentiam Jesus, mas estavam também vendo Jesus, na pessoa de Francisco.
O Papa se emocionou com o depoimento de JMB, a quem abençoou e falou: “Meu nome de batismo é Jorge Mario Bergoglio, as mesmas letras iniciais do seu nome…Seremos amigos, pois não? Agora, todos nós aqui somos amigos,hein?
Essa é uma história que ninguém soube, ninguém viu, ninguém noticiou, porque, infelizmente não aconteceu, quando deveria ter acontecido.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

A Alegre e Bela Torcida do Olímpia

Estava eu hospedado no hotel Amazonas em Belo Horizonte, quando chegou a torcida do Olímpia, o mais consagrado time de futebol do Paraguai. Estava olhando a internet quando um paraguaio torcedor do Olímpia chegou na sala do restaurante pedindo ao meu filho para ajuda-lo a enviar umas fotos da viagem. A partir disto ele passou a nos falar sobre a sua viagem e o seu time. Vieram aproximadamente 50 ônibus de todo o Paraguai, e os torcedores ficaram praticamente em dois hotéis de Belo Horizonte. Me falaram que o técnico, Ever Hugo "Almeida" tem 68 anos, e é o grande herói do time, pois enfrentou até os problemas financeiros dos jogadores. Disseram que os preços que pagaram pelos ingressos foram elevados e que alguns deles chegaram a desembolsar 500 dólares pelo ingresso. Os torcedores são por volta de 2000 e são pessoas comuns da classe média e média alta  paraguaia. Junto com os torcedores haviam alguns jornalistas e fotógrafos que acompanhavam a musa do time, a senhora Luana Chamorro, a qual fez um rápido ensaio fotográfico no hotel. Dois jornalistas, um deles Carlos Juri do La Nación, com mais de vinte anos acompanhando o velho Olímpia (nascido em 1902), me disseram que para eles é uma maravilha acompanhar o time e a muito unida torcida do clube paraguaio. Demoraram 36 horas na viagem e fizeram quatro paradas. Disseram que foram muito bem recepcionados. Os motoristas só se preocuparam no momento de irem guardar os ônibus, os quais não podiam ficar na rua. Apesar do Paraguai não ter sido classificado para a copa, eles esperam alegremente que o time deles possa vir a ser, mais uma vez, campeão mundial. Daqui há pouco, coloco as fotos que tirei.
 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Pela sétima vez, Jair Bolsonaro!

Todos os políticos estão com medo de não se reelegerem. E com justa razão! Se A presidenta da república, que tinha mais de setenta por cento de aprovação, agora está com uns míseros 30%, quem seria o afobado a dizer que não está com medo de ser "comido pela porca" (expressão popular tradicional no Piauí)? Estas manifestações mudaram os prognósticos, esta é a verdade. No entanto, existe um deputado federal do Rio de Janeiro, já se encaminhando direitinho para o sétimo mandato. É o polêmico Jair Bolsonaro. E a explicação é a seguinte:

1º)  Usualmente, ele consegue muitos votos dos militares, pois vai de unhas e dentes afiados na defesa de quaisquer interesses legítimos deles, tanto coletivos como individuais;
2º) Ontem, dia 17/07/2013, ele entrou com um mandado de segurança (http://www.bolsonaro.com.br/arquivos/MS-MP-621-JAIRBOLSONARO.pdf) contra a Medida Provisória dos Médicos (o programa governamental Mais Médicos).

Dep. Jair Bolsonaro

Bem. Se ele receber os votos usuais dos militares, certamente terá o sétimo mandato. Mas com este mandado de segurança de 100 reais, certamente terá a eleição garantida se tiver o apoio de pelo menos cem médicos do Rio de Janeiro. Se seu mandado for vitorioso, dificilmente não aparecerão os cem médicos. Se for derrotado este mandado, corre o risco de aparecerem muito mais médicos em prol de Jair Bolsonaro.


Explicando as Manifestações no Brasil: o dia de Habermas

"Não pára, não pára, não pára não!"

 Roberto Stuckert Filho: Fortaleza - CE, 18/07/2013. Presidenta Dilma Rousseff durante cerimônia de inauguração das estações Chico da Silva e José de Alencar da linha sul do metrô de Fortaleza. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR


No exato momento em que escrevo este texto, os dirigentes do governo brasileiro tentam inserir discursos pró-governamentais que ocupem as mentes dos jovens brasileiros navegantes da INTERNET. Tentaram uma constituinte parcial restrita às questões da reforma política[1], um plebiscito sobre a reforma político-partidária e agora enfatizam a suposta espionagem estadunidense nos meios de comunicação brasileiros. O governo tenta a todo custo canalizar o levante popular a seu favor. A classe política está amedrontada, e com justa razão, pois na história do Brasil nunca se viu manifestações espontâneas desta magnitude. Os partidos de oposição até agora foram incapazes de tirar qualquer proveito do movimento. Manifestantes dos partidos de esquerda, que durante dezenas de anos desfilaram com suas bandeiras, foram fisicamente impedidos, de participar destas últimas manifestações, pois, simplesmente, os jovens tomavam os paus de suas bandeiras para "surrá-los". Os jovens disseram com todas as letras: os partidos não nos representam. Foi instalada uma verdadeira crise de representação. Parlamentares chegaram a propor a extinção dos partidos políticos.

Os jovens marcam as passeatas através das redes sociais sem que hajam líderes ou liderados, dificultando possíveis cooptações que possam enfraquecer o movimento, o qual, até o momento, está sendo encarado como um fenômeno caótico. O movimento foi feito nas ruas por alguns milhões de pessoas, o que é pouco em comparação com a população brasileira. No entanto, ele teve o total apoio desta. Caóticos também estão sendo consideradas as repercussões políticas do mesmo. A rota do movimento vai da internet para as ruas, praças, órgãos públicos e residências de políticos, destes locais para a imprensa livre e, esta, realimenta o ciclo, o enviando para os locais anteriores. Como o fenômeno parece ser caótico, nada se sabe acerca de seu futuro, se ocorrerão ou não novas manifestações, e quando ocorrerão. Visto que a fonte das manifestações se dá pela internet, tudo indica que as manifestações são fruto da livre comunicação entre as pessoas, enfim, da conjunção da esfera pública abstrata com a esfera pública habermasiana episódica[2].
 


“O modelo da iniciativa externa aplica-se à situação na qual um grupo que se encontra fora da estrutura governamental: 1) articula uma demanda, 2) tenta propagar em outros grupos da população o interesse nessa questão, a fim de ganhar espaço na agenda pública, o que permite 3) uma pressão suficiente nos que têm poder de decisão, obrigando-os a inscrever a matéria na agenda formal, para que seja tratada seriamente” (HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade. Vol II. 2ª ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003b. p. 114).



“Basta tornar plausível que os atores da sociedade civil, até agora negligenciados, podem assumir um papel surpreendentemente ativo e pleno de conseqüências, quando tomam consciência da situação de crise. Com efeito, apesar da diminuta complexidade organizacional, da fraca capacidade de ação e das desvantagens estruturais, eles têm a chance de inverter a direção do fluxo convencional da comunicação na esfera pública e no sistema político, transformando destarte o modo de solucionar problemas de todo o sistema político” (HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade. Vol II. 2ª ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003b. p. 115).