segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Igreja da Missão dos Aruazes

File:Escola Portuguesa - Morte do Padre Filipe Bourel.jpg
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a4/Escola_Portuguesa_-_Morte_do_Padre_Filipe_Bourel.jpg

O rei de Portugal, antes de 1729, pede ao governador do Maranhão João da Maia da Gama para visitar o Piauí e então este vai para Oeiras e resolve fazer uma visita especial até Aroazes, fazendo alguns comentários sobre o lugar e a Missão, a qual ele diz que é dos índios. O registro eclesiástico abaixo (Figura 1) confirma a idéia deixada pelo governador. Notem que o padre faz uma desobriga e não especifica se o templo é de Nossa Senhora da Conceição ou do Ó. Apenas diz MISSÃO DOS ARUAZES. Isto é uma indicação inequívoca de que a Missão, em seus primórdios, não estava vinculada obrigatoriamente à devoção a Nossa Senhora da Conceição, a qual era independente e talvez até anterior na região (Maia da Gama e Pe. Gilberto Freitas apontam no sentido de que a devoção a Nossa Senhora do Ó é mais recente). A Missão está, portanto, vinculada aos missionários que a fizeram e aos índios, como bem diz João da Maia da Gama (http://memoria-africa.ua.pt/Library/ShowImage.aspx?q=/PeloImperio/AGC-PeloImperio-N100&p=35). Mas fica uma indagação: quais missionários iniciaram e construíram a Missão dos Aroazes? 

    Figura 1. Desobriga na Missão dos Aroazes em 1849

Em "A educação destinada a algumas crianças no Piauí (1730-1859)" é afirmado que Gabriel Malagrida criou a Missão do Aroazes em 1725. Não vi neste texto maiores informações. Serafim Leite em seu tratado sobre a história dos jesuítas não desce a detalhes em relação a Aroazes. No entanto, convém lembrarmos que o Padre Filipe Bourel, o mesmo que criou a Missão do Apodi, pode também ter sido, juntamente com seu companheiro de viagem de 200 léguas Joannes Gintzel, o criador da Missão dos Aroazes, pois sua primeira missão ao chegar à Bahia em 1693 foi andar 200 léguas no Piaui e Rio São Francisco (Nota bibliográfica em SERAFIM LEITE). Em http://cupress.cuni.cz/ink2_stat/dload.jsp?prezMat=99910 é afirmado que em julho de 1696 todos os jesuítas foram expulsos da região do rio São Francisco pelos colonos portugueses. De posse desta pista conjecturo o seguinte: o grupo do professor de matemática Filipe Bourel estava a construir o Templo da Missão dos Aroazes quando foi expulso pelos colonos em 1696. 

    Figura 2. Batismo de Sebastiana, filha do Coronel Domingos, índio forro, na Fazenda Tapera

Veja também a seguinte citação, a qual reforça a nossa proposta: 
"Contudo, o projeto dos jesuítas esbarrava nos interesses dos sesmeiros e curraleiros da Casa da Torre. No final do século XVII, a mando das “mulheres da Torre” (assim eram chamadas vulgarmente a viúva do Francisco Dias d’Ávila, Leonor Pereira Marinho e sua mãe Catarina Fogaça, irmã do Francisco Dias d’Ávila), o procurador da Casa da Torre de Tatuapara, Antonio Gomes de Sá, expulsou os jesuítas Filipe Bourel e mais quatro missionários das aldeias de Acará, Curumambá e Sorobabé. Os confrontos entre missionários e a Casa da Torre não eram novidades, pois, em março de 1669, o segundo Garcia d’Ávila já havia destruído as igrejas das missões do Itapicuru, Geremoabo e Caimbé ou Massacará. Neste mesmo ano, a guerrilha dos d’Ávila também destruíra as missões de Santo Inácio, Santa Cruz e a de São Francisco Xavier, fundadas pelos padres João de Barros e Jacob Roland em 1666." (http://anpuhba.org/wp-content/uploads/2013/12/Solon-Santos.pdf).
Outra pista em direção a Bourel é o fato de que a imagem aérea (https://www.google.com/maps/search/igreja+near+aroazes,+piau%C3%AD/@-6.1113703,-41.7893736,197m/data=!3m1!1e3) nos diz claramente que a área da Missão é um retângulo áureo situado entre as travessas "Salgado Filho" e "P Silva" e as avenidas "Dos jesuítas" e "Vinte e sete de fevereiro". Além disso, seguindo a espiral áurea, a área onde está a igreja é exatamente o quarto retângulo áureo e a área complementar deste retângulo em relação à área total são três "quadrados áureos inscritos numa espiral áurea". Só um pitagórico deixaria pegadas tão pitagóricas.  


    Figura 3. Vínculo genealógico do autor com Aroazes

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