quarta-feira, 27 de março de 2013

A Visagem

Estamos na Semana Santa, o qual é o mais importante período cristão relacionado com a morte, as almas e todos os seus mistérios e encantos. Me lembro que até trinta anos atrás, quase todos os dias eu ouvia estórias sobre almas, visagens e assombrações. Tal prática está sendo enfraquecida. As igrejas estão lotadas. Os pastores "tiram espíritos" três vezes por dia, e quase ninguém acredita mais em alma, salvo os espíritas, que são muito poucos. A igreja passou a ser uma instituição muito formal, quase um clube. As pessoas vão lá para "desopilarem um pouco", não para refletirem acerca do que lá ocorre.

Jesus Cristo morre na sexta e, no domingo, ressuscita. A partir daí, aparece como "visagem" para os seus discípulos (em todos os evangelhos, inclusive nos apócrifos http://www.autoresespiritasclassicos.com/Evangelhos%20Apocrifos/Apocrifos/Evangelhos%20Apocrifos.htm). O sumiço do corpo faz alguns pensarem que ele sempre foi uma visagem, um agênere, na terminologia espírita. Para eles o nascimento de Jesus seria uma materialização diferenciada para manifestação, também diferenciada, de um espírito, o que entra em plena concordância com a existência da Virgem Maria. Eu sempre acreditei em almas e extraterrestres. Quando criança tinha medo destas, mas dos ets, nunca tive. Hoje eu tenho certeza que as almas existem, e até já as percebi em ação muitas vezes. 

Certa vez eu ia descendo a Serra do Crato em direção a Picos-PI por volta das 06h00min quando de repente o para-brisas de meu carro colidiu com aproximadamente meio litro de botões de flores silvestres. Instintivamente pisei no freio e, logo em seguida, assustado com a estranheza do ocorrido, vi um caminhão quebrado no meio da pista. Com certo esforço, ainda consegui parar meu carro a uns 5m do caminhão. Imediatamente cruzou um carro de passeio em alta velocidade. A sensação da existência da alma tornou-se muito mais forte. E eu me convenci que era alma boa. Meu anfitrião, na noite anterior havia pedido para que eu não desse carona para ninguém, pois a estrada era perigosa, com muitos bandidos. "Com uma alma dessas me protegendo, não tem bandido nenhum que me agrida", pensei eu. E resolvi dar carona para qualquer pessoa que pedisse. E continuei a viagem. Minutos após, um rapaz pediu carona. Nem olhei para ele e parei na maior tranqüilidade. Em ato contínuo entrou uma moça, a qual eu nem me preocupei em reparar quem era. Sentaram no banco de trás, e me disseram que iam para Nova Olinda-CE. Na entrada de Nova Olinda, pediram que eu os levasse até o posto de saúde. Lá chegando, tomei conhecimento que a moça estava em vias de parto. Para os que gostam de abusar das coincidências, este caso é um prato cheio. Para os que não acreditam tanto em coincidências e nem gostam da hipótese de existência de alma, é mais cômodo acreditar que eu estou mentindo.

Lossian Barbosa Bacelar Miranda.
lossian@oi.com.br