Existiram muitos homônimos com o nome Luis Carlos Pereira de Abreu Bacelar. Dou notícia de 6, sendo 4 deles no Piauí e os outros 2 no noroeste da Bahia:
1. Mestre de Campo e Capitão Mor de Parnaíba e de Valença, casado com Dona Arcângela Úrsula de Castelo Branco, filha de Dona Clara da Cunha e Silva Castelo Branco, a qual era da Comarca de Santo Antônio dos Alongazes. Clara era filha de Dom Francisco de Castelo Branco.
2. Coronel de Milícias Luis Carlos da Serra Negra, filho do primeiro.
3. Luiz
Carlos Pereira de Abreu Bacelar Castelo Branco.
VALENÇA-PI/PORTUGAL Cavaleiro da Ordem de Cristo, moço fidalgo com exercício no
Paço. Deputado da Real Junta do Tabaco. Teve mercê de Carta de Brasão de Armas,
datado de 24/05/1830, registrada no Cartório da Nobreza, Livro VIII, folha 251:
um escudo esquartelado com armas das famílias Abreu (1º quartel), Bacelar (2º
quartel), Castelo-Branco (3º quarte) e Souto Maior (4º quartel). Trata-se do
filho do Coronel Luiz Carlos Pereira de Abreu Bacellar com Luzia Perpétua Carneiro
de Souto Maior, uma das mulheres mais ricas e poderosas do período joanino.
4. Sargento-Mor
Luiz Carlos Pereira de Abreu Bacellar[1].
PILÃO ARCADO-BA. Em um fragmento de documento relativo a inventário é citado o nome do
Sargento-Mor Luiz Carlos Pereira de Abreu Bacellar, juntamente com o de Antonio
Jozé Leite (...) de Castelo Branco [Judiciário de Valença, Caixa 406. APPI],
conforme segue:
No
Arquivo Nacional do Rio de Janeiro constam as seguintes fichas sobre este Sargento-Mor de Pilão Arcado:
“ABREU
BACELLAR (Luiz Carlos Pereira de ____) RGM – Col 137 – Decreto confirmando-o no
posto de Sargento-Mór das Ordenanças da Vila de Pilão Arcado, Capitania de
Pernambuco – Rio, 08/01/1816 – RGM, L 38, fl 88v;
ABREU BACELLAR (Luiz Carlos Pereira de ____)
Agraciado com Comenda de São Cosme e Damião de Azere da Ordem de Cristo –
13/05/1820 – 1 doc, 1 an, 2 fls – Cx 787, pac 4, doc 39”.
Em
1/2/1821, do palácio de Oeiras é enviado ao Sargento mor Luiz Carlos Pereira de
Abreu Bacelar ofício pedindo a captura do escravo Pedro do Real Fisco fábrica
da Fazenda Julião, que assassinara o criador camarada da mesma e que segundo
notícias estava na região sob a jurisdição do sargento-mor Luiz carlos Pereira
de Abreu Bacelar [Códice 399, estn 4, prat 1 – APPI, fl. 155/155v].
5. Luiz Carlos Pereira (de Abreu) Bacellar [c1. Joana Ferreira
de Souza; c2. Roza Linda de Castelo Branco Bacellar]. Era filho de Claro Luis Pereira de Abreu Bacelar, o maior herói da nossa independência, o qual recebeu a Ordem do Cruzeiro instituída por D. Pedro I. Luiz
Carlos Pereira Bacellar de VALENÇA-PI. Em 25 de julho de 1842, este lavrador e fazendeiro, foi incluído na
lista de jurados na Freguesia de Valença-PI, juntamente com Reinaldo Pereira de
Abreu Bacellar. Em 27/2/1860 tinha 45 anos, casado, proprietário. Está na lista
dos votantes na Freguesia de Nossa Senhora do Ó da Villa de Valença em 1861. Em
1864 tinha 49 anos, era viúvo. Em 1865 tinha 50 anos, casado e proprietário.
[Caixa de Valença-PI, do Arquivo Público do Estado do Piauí/APPI].
Por enquanto, tudo
indica que era filho legítimo do Sargento-Mor Claro Luiz Pereira de Abreu
Bacellar, um dos membros da Junta Militar do Poty, que organizou e dirigiu as
tropas que marcharam contra o Exército de Fidié [conforme página 162v do Livro
de Batismos de Valença-PI].
O Governador Peretti
se refere ao mesmo como sendo criminoso protegido por autoridades locais de
Valença, juntamente com João Pereira Mattos (página 169v e 170 de SPE Cod755
estn 07 Prat 01 do APPI).
Foi um dos cidadãos
que muito contribuiu para a Santa Casa de Oeiras-PI, o primeiro grande hospital
do Piauí. Na lista dos qualificados para Guardas Nacionais em Valença em
24/01/1846, eis a qualificação de Luiz Carlos Pereira Bacellar: “30 anos,
branco, casado, natural do Piaui, lavrador, morador do Brejo. ATIVO” [Caixa de
Valença do APPI].
Em
31/1/1862, Luiz Carlos Pereira Bacellar foi testemunha de casamento na Fazenda
Santo Antonio em Valença [Casamento Valença 1862, folha 20v. Paulo VI].
Em
26/10/1864, no Sítio Brejo, o Capitão Luis Carlos Pereira de Abreu Bacellar,
viuvo por falecimento de Dona Joana Pereira de Souza, casou-se com Dona Roza
Linda de Castello Branco Bacellar, viuva do Capitão Claro Pereira Bacellar, na
Igreja de Nossa Senhora do Ó em Valença-PI [Casamento Valença 1862, folha 60v.
Pio VI]. Veja abaixo o registro de casamento de Pedro de Araújo Rocha com Maria Roza Bacelar, filha legítima do Capitão Claro Pereira Bacelar (já falecido em 24/05/1861) e de Dona Roza Linda de Castelo Branco, na Matriz de Nossa Senhora do Ò, na vila de Valença do PI.
Em
25/04/1841 o Capitão Aniceto de Araujo Souza[1], da
localidade Bom Jardim, informa ao Barão da Parnaíba que mandou prender Luis
Carlos Pereira de Abreu Bacellar, cumprindo a Portaria do Barão, datada de
12/04/1841. Aniceto, nesta missiva, informa ainda que está preparando o segundo
bote para 24/12/1841.[2]
O
alferes secretário do 2º Batalhão Luiz Carlos Pereira Bacellar foi nomeado
Capitão em 03/03/1848 [APPI. Caixa W / Guarda Nacional].
Um
certo Luiz Carlos Pereira Bacellar foi padrinho de batismo de Anfrísio, filho
legítimo de Manoel Campello da Silva e Leonarda Alves de Oliveira, em
22/07/1857 [Batismos Valença 1857-1862, fl. 62v].
Na
ata de eleição de Castelo em 08/03/1867 consta o seguinte: Luiz Carlos Pereira
de Abreu Bacellar, 31 anos de idade, casado, lavrador [Executivo Castelo APPI,
caixa 799/800].
O
Capitão Luiz Carlos Pereira Bacellar foi padrinho de Coriolano, filho legítimo
de Francisco Antonio de Souza e Maria Luiza de Miranda, nascido em 30/06/1850
em Cajazeiras, e batizado em 27/12/1850, via procuração apresentada por Claro
Pereira Bacellar e Joanna Ferreira de Souza [Batismo Valença 1849-1851. Paulo
VI].
[2] Este fato parece ser um forte indicativo de que os Abreu Bacellar
lutaram contra o Barão da Parnaiba na Balaiada.
6. Luis Carlos Pereira de Abreu Bacelar. Morreu em Pilão Arcado-BA no início do século XX e por ocasião de seu falecimento era casado com uma senhora da Família Benevides, a qual foi sua inventariante.
COMENTÁRIO. Não consta que nenhum deles tenha sido criminoso ou coisa parecida. O que andou mais próximo disso foi o Coronel Luís Carlos da Serra Negra, o qual chegou a responder processo como um dos supostos mandantes da morte de Antônio Pereira Nunes no início do século XIX. No entanto, nada restou provado contra ele, o qual jamais foi condenado (brevemente escreverei sobre este enigmático tema, tão atual!). Mas participaram de guerras e muitas revoltas, tais como a Balaiada. A propósito, a seguir apresento um interessante documento no qual armam um "segundo bote" para pegar 5 (ou o pai de 6 ou outro ainda não identificado por este autor). Graças ao bom Deus, Aniceto não chegou a prender o glorioso filho de Claro Luís na noite de Natal, pois os documentos acima referidos o mostram viuvo e casando com Dona Roza Linda de Castelo Branco, viuva de seu irmão Claro Luís Pereira de Abreu Bacelar, em 1862.
[1] Acredito tratar-se de algum filho de João Leite Pereira de Castelo
Branco, visto que o citado, Antonio Joze Leite Pereira de Castelo Branco, filho de João Leite, morou
em Pilão Arcado e tornou-se depois Capitão-Mor de Valença. Foi um dos principais arquitetos da Independência do Piauí, pois dirigiu as operações encobertas. Só foi superado pelo Capitão Claro Luís, o qual participou de todas as fases da guerra e dirigiu a partir da Vila do Poti e Passo de Santo Antônio (Timon, MA) o cerco ao Fidié em Caxias. Liberato Joze Leite Pereira
de Castelo Branco, outro filho do Tenente Coronel João Leite Pereira de Castelo
Branco, tornou-se Capitão-Mor de Pilão Arcado. Este Sargento-Mor é muito pouco
citado nos documentos relativos ao Piauí. Nota do autor.