Uma greve de três meses na educação é uma verdadeira loucura. É uma
catástrofe para qualquer país. Deveria haver uma lei proibindo greve por mais
de dois meses na educação e, seu descumprimento, implicasse sérias penalidades
para dirigentes de quaisquer das partes que se mostrassem intransigentes na
construção do consenso. Uma greve de três meses na educação pública é um
chamamento para o fim da mesma e, certamente, só ocorre em países onde há uma
vontade muito firme no sentido da privatização. Porém, a privatização do ensino superior é um perigo para a sobrevivência nacional e, neste momento, o desenvolvimento do mesmo constitui uma afirmação da soberania brasileira.
Qualquer presidente de sindicato deste ou de qualquer outro setor jamais
espera que uma greve se prolongue por mais de três meses. Nunca ouvi falar que
uma tão longa greve tenha ocorrido na França (onde a educação é
majoritariamente pública) ou em qualquer outro país europeu. O ANDES-SN não
esperava topar com um governo que demorasse tanto a negociar e no final fizesse
o que fez. Agora, seus dirigentes se encontram num dilema, pois sabem que
nenhum professor preocupado com a educação pública quer uma greve deste
tamanho.
O ANDES-SN, desde o início do movimento, jamais concordou com o pouco valor
posto à disposição dos reajustes e, muito menos ainda, com a proposta
concentradora de renda do governo, concedendo reajustes maiores para os que já
ganham mais. Aceitar a imposição do acordo feito com o PROIFES não é a melhor
estratégia, seja em curto ou médio prazo. A pior coisa que poderíamos fazer seria
congelar nossas justas reivindicações. É necessário a manutenção da coerência. Além disso, o reajuste é uma prerrogativa do Governo (veja a postagem "O Problema do PROIFES"), o qual pode concedê-lo independentemente da vontade de qualquer sindicato. E não concedê-lo neste momento significaria "quebrar o acordo" com o próprio PROIFES. No entando, continuo defendendo a tese de que o bom senso ainda é possível, e os próprios senadores poderíam (na falta da lei de greve, que eles ainda não fizeram!) ser mediadores deste problema.
Lossian Barbosa Bacelar Miranda
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