domingo, 26 de agosto de 2012

A politização partidária da greve


A síntese das negociações até o presente momento é a seguinte: 

Neste domingo, a partir das 13h, serão retomadas as negociações. Sindicatos em greve têm até a próxima terça-feira (28) para dizer se aceitam ou não a proposta de reajuste salarial oferecida pelo Governo, de 15,8% em três parcelas até 2015. O Governo afirma que não é possível avançar na proposta de reajuste e que não há mais tempo hábil para a análise de contra-propostas (http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/08/rodada-de-negociacao-entre-governo-e-grevistas-termina-sem-acordo.html).

Isto indica que cem dias foi pouco tempo para negociar, ou não quiseram negociar. Daqui a poucos dias esta greve vai bater recorde de greves no Brasil. Nestes mais de trinta anos que acompanho de perto o movimento sindical no Brasil nunca vi tanta ostentação de desprezo por uma greve.

As propostas governamentais têm sido excessivamente impositivas e “engessantes” para o movimento sindical, deixando suas reivindicações salariais dependentes de atos governamentais futuros. Por exemplo, o governo diz que o titular vai ganhar mais, porém, ele pode, estatisticamente, apertar a torneira deste acesso, ocorrendo o mesmo com "outras vantagens". Em qual universidade brasileira constitui direito líquido e certo de qualquer mestre fazer doutorado no momento que quiser? Ou fazer concurso para titular?

Essencialmente, esta greve não possui caráter político-partidário. Mas o Governo, ao que parece, não tem visto assim, pois tenta tirar o maior proveito político da mesma. A proposta governamental é financeiramente fraca, pois há muito tempo, estamos sem reajuste, ao contrário de outras categorias. E porque este Governo faz proposta para até 2015 se a eleição presidencial é em 2014? Quer parar as reivindicações salariais até o primeiro ano do próximo Governo? Enquanto nós estamos numa labuta para sustentar nossas famílias "aqui e agora", tem gente propondo sossego governamental com antecipação trianual.

Lossian Barbosa Bacelar Miranda.

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