Vamos começar a questão friamente, sem perguntar de Marx está certo ou errado, ou se o Papa é bom ou ruim. Suponhamos que todos os seres humanos deste nosso planeta não tivessem crença alguma em Deus e que qualquer destas questões místicas clássicas não existissem. Suponhams que todos nós estivéssemos absolutamente convencidos de que não haveria recompensa alguma após a morte. A primeira pergunta a se fazer seria: esta convicção alteraria as condutas éticas humanas? Para as pessoas normais que vivem submetidas às lei objetivas e têm motivos reais para ter medo delas, pouca coisa mudaria em seu comportamento cotidiano, pois o medo da punição da polícia e da justiça fariam o seu efeito normal, independentemente de seu nível ético. A mudança significativa ocorreria nas pessoas que não têm medo algum das leis estatais objetivas, tais como os impunes. Estariam numa situação de total impunidade e medo algum. Se tivessem baixo nível ético, tal situação ensejaria crimes inimagináveis. Não haveria freio algum. Teríamos ditadores muito piores do que os que temos. A parte boa seria a diminuição da exploração da fé alheia. Se a parte boa compensaria a parte ruim, é uma dúvida complexa.
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