Joesley e Saud falam de sua conversa como a de bêbados. Mas as conversas deles, mesmo bêbados, valem muito para desenrolar este novelo de linha da política nacional. Eu seria capaz de escrever o resto da vida sobre as repercussões políticas e não políticas daquela interessante conversa. Começo pela parte que ninguém até agora se interessou: Joesley lê ou não, o pensamento, a alma das pessoas? Muitos metidos a espertos dirão que isto é impossível, mesmo acreditando totalmente no resto da conversa de Joesley. Mas vejam que Joesley apenas descreve uma vivência, algo real para ele, uma experiência mental acerca da qual dúvida alguma existe sobre a sua existência. Ele julga que lê o pensamento das pessoas, a alma das pessoas. Que de algum modo, tem esta habilidade. Eu também acredito que Joesley adquiriu esta habilidade e assim digo pela razão de saber que o corpo humano desenvolve habilidades não usuais quando suficientemente exercitado. Ninguém mais do que Joesley neste Mundo labutou tanto com tantas pessoas dissimuladas. E ele não era apenas um observador, ele era parte essencial e interessada. A cada tratativa, a cada negócio que fazia, tinha que melhorar a sua observação. O subconsciente de Joesley aos poucos, sem que ele próprio notasse, o tornou hábil em perceber o não dito a partir do dito, tal como fazem os matemáticos, que calculam todos os valores de uma função analítica num conjunto a partir dos valores da fronteira deste mesmo conjunto. Sabendo o que ocorre na casca, sabe-se o que ocorre no miolo. Era isto o que Joesley fazia dentro do mundo dos negócios no qual atuava. Na matemática, já descobrimos a explicação para esta mágica. Mas a psicologia ainda é uma arte e, Joesley, um artista. Enquanto labutou com gente, Joesley teve o controle da situação, não ocorrendo o mesmo com o gravador, que nem alma tem.
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